Um eminente discípulo de Martinho Lutero argumentou, certa
vez, comigo: “Você sabe que, em nosso evangelho, Atos 5, 34, é dito que o
rabino Gamaliel, um homem culto e distinto, se dirigiu aos judeus nos seguintes
termos (versículo 38): “Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque se este
conselho ou esta obra é de homens, se desfará; (versículo 39), mas se ela é de
Deus não podereis desfazê-la, para que não aconteça serdes também achados
combatendo contra Deus”. O rabino citou um exemplo de Teudas e Judas, o
galileu, que surgiram como Messias por suas próprias vontades, sem aprovação e
decreto do Todo-Poderoso, e, em um curto espaço de tempo, foram totalmente
destruídos, com todos os seus seguidores.”
“Você vê, em seguida, com seus próprios olhos (disse o
Luterano) que esta fé, ou seja, a fé de Jesus e seus apóstolos, não foi
destruída nestes mais de 1500 anos! por conseguinte, a questão antes mencionada
(da veracidade da fé cristã proposta pelo rabino judeu) é uma prova convincente
e perfeita de que as palavras e os atos dos fundadores do cristianismo tinham a
plena aprovação de Deus”.
Diante disso, eu dei-lhe a seguinte resposta: - As palavras
relatadas no evangelho como tendo sido ditas pelo rabino Gamaliel não são aceitas
entre nós. Mas ainda que o rabino Gamaliel assim se houvesse expressado,
sabemos que ele não falou em um espírito profético, pois ele não era profeta,
mas ele expressou meramente seu ponto de vista a partir do que ele tinha
experimentado em seu próprio tempo, a respeito de Teudas e Judas da Galileia.
Por isso, seria possível que ele tivesse pronunciado seus pontos de vista, como
a Escritura diz (Salmo 19, 12) "Quem pode estar ciente dos erros?"
etc. Por outro lado, você pode perceber um testemunho incontestável do
contrário, ao refletir sobre o serviço idólatra, muito mais antigo que Jesus, e
que foi renovado depois de seu tempo, e não cessou durante tantos séculos. Você
bem sabe que a adoração de ídolos foi introduzida anteriormente à existência de
nosso pai Abraão, pois Tera, pai de Abraão, era idólatra, como está registrado
na escritura, Josué 24, 2, sobre o pai de Abraão e Naor: "e serviram a
outros deuses".
Desde aquele período até o presente momento, mais de 3000 passaram,
e a adoração de imagens ainda continua. Pois vemos seus evangelistas, que
seguem os passos de Martinho Lutero, acusar aqueles que caminham na fé do papa
de Roma de venerarem imagens em suas casas de culto. No entanto, é manifesto
que o culto de imagens não procede da vontade de Deus.
Assim também, o infiel Maomé instituiu a religião espúria do
Islã, uma religião de falsidade, o que você mesmo reconhece e cuja ilusão, no
entanto, dura mais de 1000 anos e até hoje não foi superada.
Você diria, então, que esses dois credos, o Catolicismo e o Maometismo,
por não haverem sido abolidos, foram estabelecidos por aprovação ou ordem de
Deus? Eu não tenho a menor dúvida de que um ser racional possa manter tal hipótese,
mas o fato é que o Todo-Poderoso diz: "deixe os tolos por eles mesmos; no
futuro eles terão que prestar contas de suas ações" (vide tratado Abodá
Zará, no Talmud, por ocasião de uma pergunta do próprio rabino Gamaliel). Além
disso, é sabido, a partir das palavras dos profetas, que a idolatria continuará
até o tempo do Messias, cujo advento esperamos. Quanto a isso, veja Isaías 2, 18:
"E os ídolos desaparecerão totalmente". Novamente, Sofonias 2, 11:
"O Senhor será terrível para eles, porque Ele vai destruir todos os falsos
deuses da terra", "e todos virão adorá-Lo cada um do seu lugar, todas
as ilhas das nações". Novamente, Zacarias 13, 2: "E virá a ser naquele dia, diz o
Senhor dos exércitos, que eu vou cortar o nome dos ídolos da terra, e eles
nunca mais serão lembrados" etc. Em seguida, será cumprida a passagem
contida no mesmo profeta, 34, 9: "E o Senhor será rei sobre toda a terra;
naquele dia o Senhor será Um e Seu nome Um".
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