quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Parte 2, Capítulo 68 - Paulo usa de forma errada o salmo 2 para provar que Jesus era o Filho de Deus



Em Atos 13, 33, Paulo prova que Jesus é o Filho de Deus, citando parte do segundo Salmo: ''Tu és meu Filho, hoje te gerei".

A referência a esse salmo é questionável, uma vez que o real salmista falou aqui de sua própria pessoa. Foi Davi que se amotinaram as nações e se levantaram em guerra, quando ele tinha começado seu governo.

Veja II Samuel 5, 17: “E os filisteus tinham ouvido que Davi fora ungido rei sobre Israel, e todos os filisteus se levantaram contra Davi”, etc.

Ele chamou a si mesmo de forma justa o Messias, o Ungido do Senhor, pois o título de governante de seu povo fora legalmente dado a ele. Tendo sido estabelecido como o chefe de Israel, segundo a ordem expressa do Senhor, era justo que ele citasse aqueles que se rebelaram contra ele como subindo "contra o Senhor e contra o seu ungido". As palavras do Salmo 2, "E eu ungi o meu rei", ocorrem na história real de David, em I Samuel 16, 1: "enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei". “Sião, meu santo monte” (Salmo 2, 6), que era a metrópole, foi chamada "cidade de Davi". Foi ao rei de quem foi dito: "Tu és meu filho, hoje te gerei". O título Filho foi dado a todos aqueles que, por obediência fiel, se ligaram ao serviço de Deus. Em Êxodo 4, 22, Israel foi chamado de "o meu primeiro filho" e em Oséias 2, 1 [1, 10]: "Ele disse-lhes: Vós sois os filhos do Deus vivo". No dia em que Samuel ungiu Davi como rei de Israel, "ele foi mudado em outro homem"; e lemos em I Samuel 16, 13: "E Samuel tomou o vaso de azeite, e o ungiu no meio de seus irmãos, e o Espírito do Senhor desceu sobre ele". A adoção do homem por Deus é chamado, na linguagem bíblica, de "geração". Veja Deuteronômio 32, 18: "Tu te esqueceste da rocha que te gerou". As palavras [Salmo 2, 8] "Pede-me, e eu te darei as nações por herança" foram cumpridas para David, que humilhou os filisteus (II Samuel 8, 1), e fez Amon, Moabe e Edom tributário para si mesmo. Com referência a Jesus, ele não tinha o menor domínio para merecer o título de um Messias (Ungido Rei). Ele disse de si mesmo que ele [Mateus 20, 28] "não veio para ser servido, mas para servir". Além disso, por que se diria a Jesus "Pede-me, e eu te darei as nações por herança", uma vez que ao Filho de Deus encarnado, toda a terra deveria ter pertencido, e não apenas uma parte selecionada dela?

Nota: números de capítulos e versículos entre colchetes [] são os números usados ​​na Bíblia cristã.

Parte 2, Capítulo 63 - Mais seis exemplos de que os discípulos de Jesus tinham conhecimento superficial das Escrituras



Atos 7, 14-16: "Então José mandou chamar a seu pai Jacó e a toda a sua parentela, setenta e cinco almas desceram com Jacó ao Egito. E morreu, ele e nossos pais, e foram transportados para Siquém. e depositados na sepultura que Abraão comprara por uma soma de dinheiro aos filhos de Emor, pai de Siquém ".

A grande quantidade de erros em tão pouco espaço é suficientemente óbvia. Em primeiro lugar, sabemos que a família de Jacó que desceu para o Egito, incluindo José e seus filhos, contava com setenta pessoas, e não setenta e cinco. Ver Gênesis 46, 27 e Deuteronômio 10, 22.

Em segundo lugar, Jacó não foi enterrado em Siquém, mas na caverna de Macpela, em Hebron.

Em terceiro lugar, os "pais" das várias tribos não foram enterrados no Egito, José foi a única pessoa deles a ser enterrada lá, mas seus restos mortais foram levados por Moisés no momento da saída dos israelitas do Egito.

Em quarto lugar, Abraão não comprou a caverna de Macpela dos filhos de Hamor, filho de Siquém, mas de Efrom, o hitita.

Em quinto lugar, o campo situado perto de Siquém foi comprado por Jacó, e não por Abraão. O autor dos Atos tinha uma ideia confusa das várias compras feitas pela patriarcas Abraão e Jacó, e suas declarações a respeito deles devem ter tido como fontes boatos.

Em sexto lugar, Siquém foi o filho, e não o pai de Hamor!

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Parte 2, Capítulo 51 - Jesus usa um salmo que reprova sua afirmação de ser "filho de Deus"



João 10, 33-36: " Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, e a Escritura não pode ser anulada, àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?".

A resposta equívoca de Jesus à acusação de se denominar Deus argumenta mais contra do que a favor de sua pretensão. Ao citar em sua defesa acima as palavras do Salmo 82, 6: "Eu disse: Vós sois deuses, e filhos do Altíssimo", ele não tinha em mente que o salmista falou com o propósito de mostrar que aqueles que se dizem filhos de Deus se traem pela sua própria natureza, iludindo a si próprios e a outros, pois o texto continua: "Mas, certamente morrereis como os outros homens, e caireis como qualquer um dos príncipes". A ocorrência da palavra Elohim (“deuses”), nem sequer mostra que o Ser Divino é realmente aludido ali! Temos casos em que os anjos e os juízes são designados por esse mesmo termo, que seria uma expressão de poderes superiores ou autoridades. Veja Juízes 13, 22: “Devemos morrer, pois temos visto um Elohim (um ser superior)”. Em Êxodo 22, 8 [22, 9], lemos: "A causa de ambos os homens deve ser trazida aos Elohim (as autoridades judiciais), e quem os Elohim acharem culpado, ele deve pagar uma parcela dobrada ao seu próximo". Uso semelhante é feito da palavra Elohim em vários lugares de nossas Escrituras. No Salmo 82, 1, Elohim tem a mesma significação de anjos e mensageiros do Todo-Poderoso.

Quando Deus disse a Moisés: "Eis que te fiz Elohim a Faraó", Ele falou apenas dele como de um mensageiro que veio em nome do Altíssimo. As abundantes passagens distircidas pelo Novo Testamento mostram o conhecimento escasso e superficial que seus autores possuíam da língua e significado da nossa Sagrada Escritura.