quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Parte 2, Capítulo 10 - Doutrina de que a Lei teria sido abolida por Jesus contradiz ele próprio




Mateus 5, 17-19: "Não penseis que vim destruir a Lei ou os profetas. Não vim para destruir, mas para cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til de modo nenhum passará da Lei até que tudo seja cumprido! Todo aquele, pois, que violar um destes mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus, mas aquele que faz e os ensina, ele será chamado grande no reino dos céus". Vejamos este texto semelhante, em Lucas 16, 17: "E é mais fácil que o céu e a terra passem do que um til da Lei falhar!". Essas palavras estão em oposição direta à crença e à afirmação dos cristãos: que a Lei de Moisés foi substituída pela vinda de Jesus. Assim, a circuncisão teria sido substituída pelo batismo e a santidade do sétimo dia substituída pelo primeiro dia da semana. Com a mesma liberdade indesculpável, muitas outras leis Divinas foram rejeitadas pelos cristãos, poucas tendo sido mantidas, tais como as relativas a incesto e decretos morais, respeito aos pais, amor ao próximo, caridade aos pobres, prevenção de roubo, de rapina, adultério, assassinato, derramamento de sangue e alguns outros crimes que a razão mostra como tal, e que outras nações, sem revelação, reconheceram antes da vinda de Jesus. Sobre este assunto temos exposto no capítulo 19 da primeira parte deste trabalho.

Parte 2, Capítulo 7 - A tentação de Jesus



Mateus 4, 1-11: "Então Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo e, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, teve depois fome. O tentador aproximou-se dele e disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Mas ele respondeu: está escrito: o homem não vive só de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Então o Diabo o levou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: ‘aos seus anjos dará governares sobre ti, e em suas mãos eles te sustentarão, para que teu pé não tropece em pedra’. Jesus disse-lhe: Também está escrito: tu não tentarás o Senhor teu Deus! Novamente, o Diabo o levou para uma alta montanha e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles, e disse-lhe: tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás! porque está escrito: Tu adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás".

O mesmo assunto aparece em Lucas 4, 1-13. O leitor certamente deve perceber por essa narrativa que Jesus, uma vez tentado por Satanás, não pode ser visto como um Deus encarnado, pois como pode qualquer homem em posse de bom senso supor que Satanás teria presumido seduzir alguém que ele sabia ser um Deus? Pode-se imaginar que ele teria coragem, como uma criatura, de levá-lo à força contra a sua vontade? A razão foge violentamente de tal crença!

Parte 2, Capítulo 1 - Comparadas as genealogias de Jesus segundo Mateus e Lucas



Mateus 1 contém um relato da genealogia de Jesus e expõe os ancestrais de José, o marido de Maria, até a Salomão, filho de David. A enumeração dos seus antepassados ​​termina assim (versículos 15, 16 e 17): "E Eliud gerou a Eleazar, e Eleazar gerou a Matã, e Matã gerou a Jacó, e Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado de Cristo. Assim, todas as gerações, desde Abraão até David, são catorze gerações; e desde David até a deportação para Babilônia, catorze gerações, e desde a deportação para Babilônia até Cristo, catorze gerações".

Em Lucas 3, 23-24, no entanto, a genealogia de Jesus difere daquela dada por Mateus, pois Lucas atribui a origem de José, o marido de Maria, a Natan, filho de David. A filiação de Jesus está aí descrita como se segue: "E Jesus era o filho de José, que era filho de Heli, que era filho de Matã, que era filho de Levi, que era o filho de Melqui, etc.,” etc. Assim, enquanto, de acordo com Mateus, há quarenta e duas gerações, contando até Abraão, há vinte e seis de acordo com os nomes mencionados em Lucas. Além disso, a lista de nomes dados em Mateus não é calculada para dar um conhecimento correto dos descendentes de Davi, pois três gerações — Acazias, Joás e Amazias – são omitidas e Uzias é representado como filho de Jorão. Veja a genealogia correta em I Crônicas 3, e na parte histórica da segunda livro de Crônicas, começando no capítulo 22, etc.

Parece que a omissão de três gerações de reis foi feita deliberadamente, a fim de tornar possível as três séries de catorze gerações de Mateus. No entanto, deve-se admitir que os relatos contraditórios das gerações não têm nenhuma relação com Jesus, mas apenas com José, pois, como se afirma que Maria permaneceu virgem, mesmo depois de seu casamento com José, não vemos necessidade de uma longa série de nomes que não tinham qualquer relação com o fundador da religião cristã!

Este assunto desconcertante não escapou à investigação de estudiosos cristãos, pois eles perceberam o problema e afirmam que Lucas não contradiz o relato de Mateus, mas menciona os mesmos reis sob nomes diferentes, da mesma maneira como Salomão é chamado Uzias, Azarias, e Joaquim. Esta defesa não é admissível, pois Lucas menciona Natan, o irmão de Salomão, como o antepassado de Jesus; Não se pode, portanto, supor que Salomão tinha o nome de Natan. Observamos ainda que Mateus calcula dezoito gerações e Lucas vinte e três, de David a Zorobabel. Mais uma vez, de Abraão a Jesus, Mateus cita quarenta e dois nomes, e Lucas quarenta gerações. Isso não poderia ser explicado, a não ser tomando vários nomes como a designação da mesma pessoa! Além disso, encontramos em nossas Escrituras apenas dois ou três daqueles contidos na lista dos antepassados ​​de Jesus que tinham vários nomes. E, quanto aos homens que viveram entre Abraão e David, não é dito em nossas Sagradas Escrituras que possuíram dois nomes, de modo que as enumerações contraditórias no Novo Testamento ainda permanecem sem explicação. Alguns estudiosos têm oferecido outro tratamento paliativo para essa suspeita: eles dizem que apenas Mateus apresentou a origem de José, sendo que Lucas afirmou que Maria também era da descendência de David por meio de Natan, e que a origem de Maria foi misturada com a de seu marido, porque o homem e a mulher são uma só carne. Tais desculpas estão frustradas pelas próprias palavras de Lucas (capítulo 3), que falam expressamente de José para mostrar que através dele a linhagem real de Jesus foi estabelecida. Aqueles que afirmam que Jesus recebeu a linhagem davídica de sua mãe devem encontrar na genealogia de Jesus “filho de Maria, filha de Heli, filho de ..., etc . Dessa maneira, qualquer suspeita de erro teria sido evitada! Aqueles que fazem uma tentativa de defender a sua posição citando "Homem e mulher são uma só carne" [Gênesis 2, 24] não devem esquecer que essa expressão se refere apenas à sua fidelidade conjugal e carinho, mas não a seus ancestrais!