terça-feira, 13 de setembro de 2016

Parte 1, Capítulo 23 - O homem, incapaz de cumprir as Leis de Moisés, não pode obter a salvação (Is 64, 5) ?


Isaías 64, 5 (nas versões cristãs, versículo 6): "E todos nós somos como um homem imundo, e toda a nossa justiça como uma roupa podre e murchos como a folha, e as nossas iniquidades nos levam para longe como um vento". Um cristão uma vez se dirigiu a mim nos seguintes termos: - "Não há um homem sobre a terra que faça o bem e que não peque! Você deve saber muito bem que não há um homem capaz de observar todos os mandamentos prescritos nas leis de Moisés; os atos humanos de justiça não permitem que a criatura atinja o fim que você procura. Quão ineficiente, então, devem ser as orações e as ações dos ímpios!

RESPOSTA:

Nós certamente devemos admitir que nenhum homem pode alcançar a salvação através de seus próprios atos por si só; mas o homem deve combinar com sua piedade a submissão total à misericórdia e bondade do Senhor. Jeremias anuncia claramente (capítulo 30, 21): "(...) e Eu o farei aproximar, e ele se chegará a mim; pois, quem de si mesmo se empenharia para chegar-se a mim? diz o Senhor.”

O salmista diz, de maneira semelhante (Salmo 65, 5): "Bem-aventurado o homem a quem Tu escolhes e fazes estar perto de Ti, para que ele possa habitar em teus átrios". Portanto, ele reza (no Salmo 79, 9), "Ajude-nos, ó Deus da nossa salvação, por causa da glória do Teu nome, e livra-nos e perdoa-nos os nossos pecados, por causa do teu nome". No Salmo 25, 11, o poeta sagrado diz: "Por causa do teu nome perdoa-nos as nossa iniquidade, pois é grande". Mais uma vez, no Salmo 115, 1: "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade, e por causa da tua fidelidade". Mais uma vez, no Salmo 143, 11: "Vivifica-me, ó Senhor, por amor do teu nome; por amor da tua justiça, tira a minha alma da angústia". No Salmo 44, 27, ele exclama: "Levanta-te e livra-nos por causa de Tua benevolência, com a grandeza da tua benignidade, apaga as minhas transgressões". E no Salmo 80, 4, implora o Todo-Poderoso: "Retorna a nós, ó Deus, e faze com que Teu rosto brilhe sobre nós e seremos salvos". Assim diz, também, o profeta Jeremias (14, 7): "Pois as nossas maldades testificam contra nós, age, ó Deus, por causa do teu nome", e mais [Jr 14,21]: "Por Teu nome não nos rejeites". Nas Lamentações (5, 21), ele diz: "Faça-nos, Senhor, retornar a Ti e seremos convertidos". Daniel, na sua oração (9, 18-19) usa linguagem semelhante: "Porque não por conta da nossa justiça derramamos nossas súplicas diante de Ti; mas, por causa de Tuas misericórdias, ó Senhor, ouvi-nos, ó Senhor, perdoa-nos, ó Senhor, atende-nos. Não te atrases, ó Deus, por Ti mesmo, pelo Teu nome é chamada a Tua cidade e o teu povo". Numerosas outras passagens poderiam ser citadas, todas a transmitir a mesma ideia.

Daí o Todo-Poderoso nos deu a garantia, através de seus profetas, de nos livrar de nosso cativeiro, e desfazer nossos pecados e iniquidades, não por nossa causa, mas por Sua própria causa. Assim, Isaías diz: (48, 11) "Por Minha causa, para o Meu próprio bem eu vou fazê-lo". No capítulo 43, 25, o mesmo profeta diz: "Eu, Eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões, por meu amor, e dos teus pecados não me lembro". Isso se expressa, também, por Ezequiel 36, 22: "Não por tua causa, ó casa de Israel, estou lidando assim, mas pelo Meu Santo Nome". Nós encontramos no mesmo livro, capítulo 20, 44: "E sabereis que eu sou o Senhor, pela minha ação por causa do meu nome, e não de acordo com os seus maus caminhos e as vossas ações corruptas, ó casa de Israel, diz o Senhor Deus". Podemos citar aqui, também, as palavras de Jeremias (31, 37): "Assim diz o Senhor: Se os céus acima forem medidos ou os fundamentos da terra forem pesquisados, também eu rejeitarei a semente de Israel, por tudo que eles têm feito". Esta declaração divina confirma claramente a nossa opinião de que a nossa salvação não depende exclusivamente de nosso mérito individual imperfeito e nossa justiça, mas da misericórdia do Deus Fiel, que nunca vai mudar, embora possamos ser encontrado indignos diante dele!

A expressão do profeta: "Estamos todos imundos, e todas as nossas virtudes são como uma peça de roupa podre" faz referência às obras religiosas como são realizados através de vanglória e motivos egoístas, a fim de criar inveja entre os nossos vizinhos. O texto é bastante evidente em afirmar que as melhores ações devem desagradar o Todo-Poderoso quando elas se originam a partir de motivações vulgares; "pois o Sondador dos corações", dizem nossos sábios "leva em conta apenas as intenções". Daí a exortação em Deuteronômio 15, 10: "Fornece-lhe liberalmente, que o teu coração não seja vexado enquanto tu dás". E no capítulo 28, 47, lemos: "Porque tu não serviste ao Senhor teu Deus com alegria e com um coração alegre". A passagem acima, "Estamos todos imundos, e toda a nossa justiça é como uma peça de roupa podre", refere-se, portanto, à conduta censurável e intenções impuras daqueles que de modo egoísta trabalham na causa do Todo-Poderoso e que, como as folhas caindo da árvore são levados pelo vento, de modo que, em consequência de nossos pecados, estamos dispersos por todo todos os quadrantes do globo.

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