Hebreus 2, 7 afirma “Tu o fizeste
um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e o
constituíste sobre as obras de tuas mãos”. No versículo 9, é dito: "Jesus,
que foi feito um pouco menor que os anjos". É extraordinário que Jesus,
como ser inferior, deveria ter sido destinado a ser adorado pelos anjos, que
eram seus superiores. Observando-se o Salmo 8, versículos 4-7 [8: 3-6],
descobrimos que o autor da epístola, citando algumas palavras, perverteu seu
significado real. O salmista, ao usar a expressão "Quando vejo os céus, as
obras de teus dedos, e a lua e as estrelas que tu fixaste", deve ser
entendido como se ele tivesse se expressado nas seguintes palavras:
Aterrorizado e admirado, sinto a absoluta nulidade das criaturas humanas e digo
a mim mesmo: "O que é homem mortal, para que te lembres dele, e o filho do
homem, para que tu tomes dele nota". O sentimento de fragilidade e mortalidade
do homem causaram no salmista uma profunda humildade. Por outro lado, o homem
torna-se consciente de seu estado nobre, como o possuidor de um espírito
imortal, o que o torna quase igual aos anjos ministradores nas alturas. É com
respeito a este dom supremo que o salmista exclama: "Tu o fizeste um pouco
menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste". Abençoado com
inteligência, o homem governa as criaturas inferiores do campo e da floresta,
do ar e do mar.
Este salmo não tem, portanto,
qualquer alusão a qualquer doutrina não-judaica, e mostra-se como um sublime comentário
da vontade divina, como está referida em Gênesis 1,26: "Faremos o homem à
nossa imagem, segundo a nossa semelhança, e domine sobre o peixe do mar e as
aves do céu e os animais e sobre toda a terra. Tendo esta visão clara das
várias partes da Escritura, o leitor sincero concordará conosco que a verdade
inflexível de nossos escritos revelados não admite qualquer sombra de prova para
a classificação dada a Jesus na teologia mística dos cristãos.