sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Parte 2, Capítulo 96 - A estranha doutrina de que Jesus foi adorado pelos anjos sendo inferior a estes


Hebreus 2, 7 afirma “Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e o constituíste sobre as obras de tuas mãos”. No versículo 9, é dito: "Jesus, que foi feito um pouco menor que os anjos". É extraordinário que Jesus, como ser inferior, deveria ter sido destinado a ser adorado pelos anjos, que eram seus superiores. Observando-se o Salmo 8, versículos 4-7 [8: 3-6], descobrimos que o autor da epístola, citando algumas palavras, perverteu seu significado real. O salmista, ao usar a expressão "Quando vejo os céus, as obras de teus dedos, e a lua e as estrelas que tu fixaste", deve ser entendido como se ele tivesse se expressado nas seguintes palavras: Aterrorizado e admirado, sinto a absoluta nulidade das criaturas humanas e digo a mim mesmo: "O que é homem mortal, para que te lembres dele, e o filho do homem, para que tu tomes dele nota". O sentimento de fragilidade e mortalidade do homem causaram no salmista uma profunda humildade. Por outro lado, o homem torna-se consciente de seu estado nobre, como o possuidor de um espírito imortal, o que o torna quase igual aos anjos ministradores nas alturas. É com respeito a este dom supremo que o salmista exclama: "Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste". Abençoado com inteligência, o homem governa as criaturas inferiores do campo e da floresta, do ar e do mar.

Este salmo não tem, portanto, qualquer alusão a qualquer doutrina não-judaica, e mostra-se como um sublime comentário da vontade divina, como está referida em Gênesis 1,26: "Faremos o homem à nossa imagem, segundo a nossa semelhança, e domine sobre o peixe do mar e as aves do céu e os animais e sobre toda a terra. Tendo esta visão clara das várias partes da Escritura, o leitor sincero concordará conosco que a verdade inflexível de nossos escritos revelados não admite qualquer sombra de prova para a classificação dada a Jesus na teologia mística dos cristãos.

Parte 2, Capítulo 98 - Salmo 40,7 citado erroneamente para parecer afirmar que Deus não queria sacrifícios

Em Hebreus 10, 5, referindo-se ao Salmo 40, 7 [40, 6], Paulo declara: "Portanto, quando veio ao mundo, ele disse: Sacrifício e oferta não quis, mas um corpo me preparou". A citação é errônea. O salmista diz: "Sacrifício e oferta não quis, meus ouvidos abriu; oferta queimada e oferta pelo pecado não quiseste". O salmista expressa por isso que a obediência a Deus é o principal dever do homem, e que ouvi-lo é melhor do que uma oferenda, e dar-lhe ouvidos "é mais aceitável do que a gordura dos carneiros".

Já demonstramos, na Primeira Parte deste trabalho, que sentimentos piedosos, e não meramente cerimoniais, eram os requisitos essenciais de Deus.