terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Parte 1, Capítulo 46 - O Castigo Divino sobre as nações que perseguem os judeus

Há um exemplo notável do cumprimento dos avisos proféticos a ser observado no castigo infligido aos gentios que implacavelmente perseguiram os judeus. Nunca houve um governante exercendo tirania sobre o povo judeu que escapou impune. Embora o Todo-Poderoso considere adequado visitar as transgressões de Israel, Ele não tolera que o homem mortal aja arbitrária e malignamente, ainda que seja empregado como instrumento da Divina Providência. Assim, Faraó, Senaqueribe, Nabucodonosor, Hamã e outros perseguidores dos judeus encontraram a retribuição adequada aos seus excessos, apesar das calamidades do exílio que caíram sobre os israelitas por sua insistência no pecado. Os israelitas não perderam o título de povo de Deus e Sua herança. Além disso, o Senhor nunca os deserdou até o ponto de destruí-los totalmente, pois o único objetivo de Suas correções era trazê-los de volta de sua conduta iníqua. Deus nunca destruiu o laço do pacto feito com os patriarcas do povo judeu, do qual O Senhor está em todas as partes da Escritura mencionado como Deus. Isto é ilustrado pela seguinte citação: Levítico 26, 44: “Apesar disso, quando estiverem na terra do inimigo, não os desprezarei, nem os rejeitarei, para destruí-los totalmente, quebrando a minha aliança com eles, pois eu sou o Senhor, o Deus deles”. Em seu próprio país, os israelitas cometeram pecados decorrentes de sua prosperidade e riqueza, e sua punição foi, portanto, proporcional aos seus maus caminhos. A perda da “boa terra” e a degradação de um estado independente para um estado dependente, e da riquezas para a pobreza foram os castigos por seu desvio dos caminhos de Deus. A esse respeito, eles compartilharam o destino do ministro de um rei que caiu em desgraça com seu soberano: mesmo depois que sua propriedade foi confiscada, ele continua sendo um dos senhores honrados por seu amo e, ao abaixá-lo, o rei apenas exerce sua prerrogativa real. Deveria agora um estranho se comprometer a lançar mais humilhação sobre o cortesão caído? Seu mestre não dirigirá seu descontentamento e vingança sobre o que espezinha o homem caído? De fato, a história demonstrou amplamente que nos mesmos países em que os judeus sofreram perseguição por sua fé, os perseguidores logo se engajaram em conflitos sanguíneos entre si sob vários pretextos. Após a expulsão dos judeus da Inglaterra, da França, da Espanha e da Alemanha, ouviram-se inusitadas as crueldades, cuja descrição suscita o maior horror em todos os corações, enquanto, por outro lado, os países em que os judeus ficaram em paz, sem serem molestados, experimentaram as dádivas mais inegáveis ​​da civilização e obtiveram por retribuição providencial o gozo da prosperidade. Esse estado de quietude jamais permanecerá ininterrupto onde quer que a tolerância prevaleça, embora novas seitas possam começar desafiando os credos recém-estabelecidos. Esta opinião é fundamentada em nossa própria experiência, bem como nos seguintes testemunhos bíblicos: (Deuteronômio 7, 15) “O Senhor os guardará de todas as doenças. Não infligirá a vocês as doenças terríveis que, como sabem, atingiram o Egito, mas as infligirá a todos os seus inimigos”. O mesmo livro (30, 7) diz: “O Senhor, o seu Deus, enviará então todas essas maldições sobre os inimigos que os odeiam e os perseguem”. Veja também Isaías 41, 11- 12: “Todos os que o odeiam certamente serão humilhados e constrangidos; aqueles que se opõem a você serão como nada e perecerão. Embora procure os seus inimigos, você não os encontrará. Os que guerreiam contra você serão reduzidos a nada”. Também no capítulo 47, 5- 6: “Sente-se em silêncio, entre nas trevas, cidade dos babilônios; você não será mais chamada rainha dos reinos. Fiquei irado contra o meu povo e profanei minha herança; eu os entreguei nas suas mãos, e você não mostrou misericórdia para com eles. Mesmo sobre os idosos você pôs um jugo muito pesado”. Isaías, capítulo 49, 26 diz: “Farei seus opressores comerem sua própria carne; ficarão bêbados com seu próprio sangue, como com vinho. Então todo mundo saberá que eu, o Senhor, sou o seu Salvador, seu Redentor, o Poderoso de Jacó”.

Veja também Jeremias 2, 3: “Então Israel era santidade para o Senhor, e as primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor”.

O mesmo profeta (30, 16): “Por isso todos os que te devoram serão devorados; e todos os teus adversários irão, todos eles, para o cativeiro; e os que te roubam serão roubados, e a todos os que te despojam entregarei ao saque”. Joel 4, 2 (3, 2 nas Bíblias cristãs): “Congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e repartiram a minha terra”. O mesmo profeta diz, na conclusão do seu livro, capítulo 3, 19 “O Egito se fará uma desolação, e Edom se fará um deserto assolado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente”. Obadias, em sua profecia (versículo 10), diz: “Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á a confusão, e serás exterminado para sempre”. Sofonias 2, 9- 10: “Portanto, tão certo como eu vivo, diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, Moabe será como Sodoma, e os filhos de Amom como Gomorra, campo de urtigas e poços de sal, e desolação perpétua; o restante do meu povo os saqueará, e o restante do meu povo os possuirá. Isso terão em recompensa da sua soberba, porque escarneceram, e se engrandeceram contra o povo do Senhor dos Exércitos”. Na conclusão do livro, o profeta diz (3, 19): “Eis que naquele tempo procederei contra todos os que te afligem, e salvarei a que coxeia, e recolherei a que foi expulsa; e deles farei um louvor e um nome em toda a terra em que foram envergonhados”. Zacarias 1, 15: “E com grande indignação estou irado contra os gentios em descanso; porque eu estava pouco indignado, mas eles agravaram o mal”. Zacarias 2, 12 - 13 (versões cristãs: 2, 8-9): “Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Depois da glória ele me enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho. Porque eis aí levantarei a minha mão sobre eles, e eles virão a ser a presa daqueles que os serviram; assim sabereis vós que o Senhor dos Exércitos me enviou”. Ver também Salmo 83, 2 (83, 1): “Ó Deus, não guardes silêncio (...)”. Os capítulos 25, 26, 35 e 36 (até o versículo 16) do livro de Ezequiel fornecem mais elucidações sobre o assunto.



domingo, 24 de fevereiro de 2019

Parte 1, Capítulo 44 - O Messias estabelecerá uma única fé e um único credo (Is 45, 23, Sf 3, 9)


Eu demonstrei para alguns cristãos que após o advento do Messias haverá apenas uma fé e uma religião em todo o mundo. Veja Isaías 45, 23: “Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a língua”. Sofonias 3, 9 diz “Porque então darei uma linguagem pura aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor, para que o sirvam com um mesmo consenso”. Os próprios cristãos devem admitir que haverá uma fé única, já que João reconhece em seu evangelho, capítulo 10, 16, que haverá “um só pastor e um só rebanho”. Agora, uma vez que a doutrina da unidade da fé é admitida por todos os lados, não é necessário argumentar qual dos três principais credos prevalecerá, se será o judeu, o cristão ou o maometano, pois certamente um deles deve ser adotado e os outros dois cairão necessariamente. Quando examinamos as declarações dos profetas, devemos, sem dúvida, reconhecer que a fé de Israel se destina a sobreviver a todas as outras. Veja, por exemplo, Isaías 52, 1: “Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-te das tuas roupas formosas, ó Jerusalém, cidade santa, porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo”. As escrituras evidentemente designavam os cristãos pelo nome de incircuncisos, e os maometanos, apesar de suas frequentes abluções, merecem, em muitos aspectos, o epíteto “impuro”. Estas duas seitas são mais especialmente apontadas na profecia porque eles, como os representantes de Edom e Ismael, detiveram alternadamente Jerusalém desde a sua destruição por Tito.

O profeta declara que na época da redenção futura nenhum dos incircuncisos e dos impuros voltarão a entrar pelas portas da cidade santa. Da mesma maneira diz o profeta Joel, no capítulo 4, 17 (3, 17 nas bíblias cristãs): “Jerusalém será santa e nenhum estrangeiro entrará nele”. A respeito das mesmas duas nações diz o profeta Isaías (66, 17): “Os que se santificam, e se purificam, nos jardins uns após outros; os que comem carne de porco, e a abominação, e o rato, juntamente serão consumidos, diz o Senhor”. Aquelas pessoas que se santificam e se purificam são obviamente os ismaelitas, que se contaminam pelas mais licenciosas indulgências. A forma reflexiva do verbo hebraico, como usada nesta citação, transmite a ideia de pretensão e falsa alegação, e sobre os mesmos indivíduos o profeta diz que eles “santificam e purificam a si mesmos”. A expressão “os comedores de carne de porco e outras abominações” faz alusão aos cristãos e seu credo. Portanto, estes sectários perecerão durante as guerras dos últimos tempos. Quanto ao povo de Israel, no entanto, Isaías diz (capítulo 66, 20): “E trarão a todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, por oferta ao Senhor, sobre cavalos, e em carros, e em liteiras, e sobre mulas, e sobre dromedários, trarão ao meu santo monte, a Jerusalém, diz o Senhor; como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas em vasos limpos à casa do Senhor”. As nações sobreviventes das guerras dos últimos tempos mostrarão honra aos israelitas e apressar-se-ão a unir-se ao verdadeiro serviço do Senhor. A esse respeito o profeta diz (capítulo 66, 23): “E será que, de uma lua nova à outra, e de um sábado a outro, toda a carne virá a se dobrar diante de mim, diz o Senhor”. Na profecia de Zacarias, nós também encontramos (capítulo 14, 16): “E acontecerá que todos os que tiverem sido poupados de todos os gentios que subirem contra Jerusalém subirão de ano em ano para se curvarem diante do Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrar a festa dos tabernáculos”. A previsão de uma visita periódica a Jerusalém por todos os gentios, para a observância dos festivais do Senhor, é uma prova evidente de que eles devem se unir à antiga nação de Israel. Com essa visão, o profeta Zacarias diz (capítulo 8, 23): “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla das vestes de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco”. O mesmo profeta declara em outro lugar (capítulo 9, 7): “E da sua boca tirarei o seu sangue, e dentre os seus dentes as suas abominações; e ele também ficará como um remanescente para o nosso Deus”. Isso prova que eles se absterão de comer comida ilícita, como aqueles que nascem israelitas. Já nos referimos a esse ponto e encaminhamos o leitor para os Capítulos 15 e 25 deste trabalho. A fim de provar a força de nossa doutrina além de qualquer dúvida, temos apenas que acrescentar a clara previsão do mesmo profeta (Zacarias 14, 9): “E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o seu nome”. O Senhor não será mais adorado sob o título restrito de Rei de Israel, como ele realmente é descrito por Isaías, que diz (capítulo 44, 6): “Assim diz o Senhor, o Rei de Israel e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos, Eu sou o primeiro e Eu sou o último, e além de Mim não há outro Deus”. E novamente, no capítulo 45, 15 “Verdadeiramente tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o Salvador”. No capítulo 54, 5, o mesmo profeta nos informa da universalização do nome do Deus de Israel para o do Deus reconhecido por todas as nações: “Porque o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; que é chamado o Deus de toda a terra”. O Único Deus e sua única Lei do Sinai serão reconhecidos por todos os habitantes da terra. Nenhum princípio da dualidade ou da trindade prevalecerá então. Todas as nações que (Tu, Deus,) fizeste virão então, como o salmista exclama (Salmo 86, 9) “e se prostrarão diante de Ti e honrarão o Teu nome”. E como Soberano de todos os reinos do universo o Supremo Rei do Céu será reconhecido. Assim, de todos os reinos da terra, o seu rei ungido, o Messias, será o único governante terreno. Teremos outra oportunidade de tratar deste último assunto mencionado ao discutir, na segunda parte deste trabalho, os méritos do conteúdo de outros capítulos do Evangelho de João. Concluímos este capítulo com a convicção de que os homens de compreensão e leitura, considerando atentamente tais passagens como citamos, não podem mais conscientemente recusar seu consentimento à nossa crença no futuro estabelecimento universal da Fé de Israel.

Parte 1, Capítulo 32 - Amós 5, 2 profetiza um cativeiro duradouro para os judeus, sem redenção?


Amós 5, 2 diz: “A virgem de Israel caiu, e não mais tornará a levantar-se; desamparada está na sua terra, não há quem a levante”. A partir desse versículo, tem sido argumentado que a queda de Israel está determinada para sempre, que nosso cativeiro nunca terminará e que não temos chance de redenção.

Refutação: É evidente, a partir de outras palavras do mesmo profeta, que essa previsão não se relaciona com a perpétua condenação de Israel, pois ele diz no final de seu livro (9, 14 - 15), “E trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto. E plantá-los-ei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus”. Uma vez que uma contradição nas promessas proféticas não pode ser admitida, as passagens acima só podem ser explicadas da seguinte maneira: o profeta, depois de ter relatado os males que aguardam Israel por causa de sua conduta iníqua, os repreende, no capítulo 4 do mesmo livro, cinco vezes seguidas: “E não voltastes para mim, diz o Senhor”.

Ele continua, no mesmo capítulo, verso 12: “Assim te farei, ó Israel! E porque farei isto a ti, prepara-te para encontrar teu Deus, ó Israel!”, O que implica penitência e boas ações. Deus fará bem ao povo judeu e transformará seus sofrimentos em felicidade, pois Ele é teu Deus, que distribui o mal e o bem de acordo com suas ações. A fim de aludir a Deus como o que guia os eventos do universo, o profeta continua (v. 13) “Porque eis aqui o que forma os montes, e cria o vento, e declara ao homem qual seja o seu pensamento, o que faz da manhã trevas, e pisa os altos da terra; o Senhor, o Deus dos Exércitos, é o seu nome”. Ele é conhecedor de tudo, Ele é o Mantenedor e Defensor de todas as coisas, os eventos mais distantes Ele inspeciona claramente e Ele, através de Seus profetas, familiariza o homem com Seus desígnios. Ele também faz o bem e o mal para efetuar a Sua vontade entre os filhos dos homens, e assim Ele deve ser adorado sob o nome do Deus dos Exércitos como o Deus de todo o Universo. Ó Juiz, disponha-nos a submetermo-nos aos Seus decretos! Embora possamos ocasionalmente sofrer em consequência de nossos erros e falhas, ainda sentimos que Sua proteção se estende a nós em estrita concordância com Sua bondade!

Essa é a ideia predominante em todo o quarto capítulo de Amós, e compõe uma introdução adequada ao capítulo 5, que começa assim: “Ouvi esta palavra, que levanto como uma lamentação sobre vós, ó casa de Israel. virgem de Israel caiu, e não mais tornará a levantar-se; desamparada está na sua terra, não há quem a levante” etc. O profeta fala aqui da virgem de Israel e anuncia que as energias físicas do povo estão exauridas pela tirania de estranhos e pela perda daqueles enviados para o exílio. Seus próprios reis e governantes não tinham mais forças para promover o arrependimento requerido e, portanto, uma intervenção Divina era necessária para realizar sua restauração. Por isso, o profeta, por exemplo, no versículo 3, traz a triste mensagem: “Porque assim diz o Senhor DEUS: A cidade da qual saem mil conservará cem, e aquela da qual saem cem conservará dez, para a casa de Israel”. De acordo com o profeta, as calamidades relacionadas à queda de Israel seriam temerosas, pois o povo seria atingido pela espada, ou dizimado pela fome e pela pestilência, e apenas uma pequena porção seria poupada para o cativeiro. Contra tal prostração nacional, o profeta aponta o único remédio, ou seja, o sincero arrependimento. O terrível anúncio da destruição de Israel é, portanto, inteiramente mitigado pelo conselho divino que pode ser visto em Amós 5, 4: “Assim diz o Senhor a Israel: Buscai-me, e vivereis!”. Está bem entendido que o termo “buscar” significa tornar-se penitente. Isaías (55, 6-7), usa uma expressão semelhante: “Buscai o Senhor, enquanto ele ainda pode ser encontrado”. Ele explica sua admoestação dizendo: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem iníquo os seus pensamentos, e retorne ao Senhor, e Ele terá compaixão”. Isso mostra que o profeta Amós não previu a irrecuperável ruína de Israel. Pelo contrário! Pode-se esperar obter, por meio da penitência, restauração e reavivamento como nação.