Há
um exemplo notável do cumprimento dos avisos proféticos a ser observado no
castigo infligido aos gentios que implacavelmente perseguiram os judeus. Nunca
houve um governante exercendo tirania sobre o povo judeu que escapou impune. Embora
o Todo-Poderoso considere adequado visitar as transgressões de Israel, Ele não tolera
que o homem mortal aja arbitrária e malignamente, ainda que seja empregado como
instrumento da Divina Providência. Assim, Faraó, Senaqueribe, Nabucodonosor,
Hamã e outros perseguidores dos judeus encontraram a retribuição adequada aos
seus excessos, apesar das calamidades do exílio que caíram sobre os israelitas
por sua insistência no pecado. Os israelitas não perderam o título de povo de
Deus e Sua herança. Além disso, o Senhor nunca os deserdou até o ponto de destruí-los
totalmente, pois o único objetivo de Suas correções era trazê-los de volta de
sua conduta iníqua. Deus nunca destruiu o laço do pacto feito com os patriarcas
do povo judeu, do qual O Senhor está em todas as partes da Escritura mencionado
como Deus. Isto é ilustrado pela seguinte citação: Levítico 26, 44: “Apesar
disso, quando estiverem na terra do inimigo, não os desprezarei, nem os
rejeitarei, para destruí-los totalmente, quebrando a minha aliança com eles,
pois eu sou o Senhor, o Deus deles”. Em seu próprio país, os israelitas cometeram
pecados decorrentes de sua prosperidade e riqueza, e sua punição foi, portanto,
proporcional aos seus maus caminhos. A perda da “boa terra” e a degradação de
um estado independente para um estado dependente, e da riquezas para a pobreza
foram os castigos por seu desvio dos caminhos de Deus. A esse respeito, eles
compartilharam o destino do ministro de um rei que caiu em desgraça com seu
soberano: mesmo depois que sua propriedade foi confiscada, ele continua sendo
um dos senhores honrados por seu amo e, ao abaixá-lo, o rei apenas exerce sua
prerrogativa real. Deveria agora um estranho se comprometer a lançar mais
humilhação sobre o cortesão caído? Seu mestre não dirigirá seu descontentamento
e vingança sobre o que espezinha o homem caído? De fato, a história demonstrou
amplamente que nos mesmos países em que os judeus sofreram perseguição por sua
fé, os perseguidores logo se engajaram em conflitos sanguíneos entre si sob
vários pretextos. Após a expulsão dos judeus da Inglaterra, da França, da
Espanha e da Alemanha, ouviram-se inusitadas as crueldades, cuja descrição
suscita o maior horror em todos os corações, enquanto, por outro lado, os
países em que os judeus ficaram em paz, sem serem molestados, experimentaram as
dádivas mais inegáveis da civilização e obtiveram por retribuição
providencial o gozo da prosperidade. Esse estado de quietude jamais permanecerá
ininterrupto onde quer que a tolerância prevaleça, embora novas seitas possam
começar desafiando os credos recém-estabelecidos. Esta opinião é fundamentada
em nossa própria experiência, bem como nos seguintes testemunhos bíblicos: (Deuteronômio
7, 15) “O Senhor os guardará de todas as doenças. Não infligirá a vocês as
doenças terríveis que, como sabem, atingiram o Egito, mas as infligirá a todos
os seus inimigos”. O mesmo livro (30, 7) diz: “O Senhor, o seu Deus, enviará
então todas essas maldições sobre os inimigos que os odeiam e os perseguem”. Veja
também Isaías 41, 11- 12: “Todos os que o odeiam certamente serão humilhados e
constrangidos; aqueles que se opõem a você serão como nada e perecerão. Embora
procure os seus inimigos, você não os encontrará. Os que guerreiam contra você
serão reduzidos a nada”. Também no capítulo 47, 5- 6: “Sente-se em silêncio,
entre nas trevas, cidade dos babilônios; você não será mais chamada rainha dos reinos.
Fiquei irado contra o meu povo e profanei minha herança; eu os entreguei nas
suas mãos, e você não mostrou misericórdia para com eles. Mesmo sobre os idosos
você pôs um jugo muito pesado”. Isaías, capítulo 49, 26 diz: “Farei seus
opressores comerem sua própria carne; ficarão bêbados com seu próprio sangue,
como com vinho. Então todo mundo saberá que eu, o Senhor, sou o seu Salvador,
seu Redentor, o Poderoso de Jacó”.
Veja
também Jeremias 2, 3: “Então Israel era santidade para o Senhor, e as primícias
da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha
sobre eles, diz o Senhor”.
O
mesmo profeta (30, 16): “Por isso todos os que te devoram serão devorados; e
todos os teus adversários irão, todos eles, para o cativeiro; e os que te
roubam serão roubados, e a todos os que te despojam entregarei ao saque”. Joel
4, 2 (3, 2 nas Bíblias cristãs): “Congregarei todas as nações, e as farei
descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu
povo, e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e
repartiram a minha terra”. O mesmo profeta diz, na conclusão do seu livro,
capítulo 3, 19 “O Egito se fará uma desolação, e Edom se fará um deserto
assolado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra
derramaram sangue inocente”. Obadias, em sua profecia (versículo 10), diz: “Por
causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á a confusão, e serás
exterminado para sempre”. Sofonias 2, 9- 10: “Portanto, tão certo como eu vivo,
diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, Moabe será como Sodoma, e os
filhos de Amom como Gomorra, campo de urtigas e poços de sal, e desolação
perpétua; o restante do meu povo os saqueará, e o restante do meu povo os possuirá.
Isso terão em recompensa da sua soberba, porque escarneceram, e se
engrandeceram contra o povo do Senhor dos Exércitos”. Na conclusão do livro, o
profeta diz (3, 19): “Eis que naquele tempo procederei contra todos os que te
afligem, e salvarei a que coxeia, e recolherei a que foi expulsa; e deles farei
um louvor e um nome em toda a terra em que foram envergonhados”. Zacarias 1, 15:
“E com grande indignação estou irado contra os gentios em descanso; porque eu
estava pouco indignado, mas eles agravaram o mal”. Zacarias 2, 12 - 13 (versões
cristãs: 2, 8-9): “Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Depois da glória
ele me enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca
na menina do seu olho. Porque eis aí levantarei a minha mão sobre eles, e eles
virão a ser a presa daqueles que os serviram; assim sabereis vós que o Senhor
dos Exércitos me enviou”. Ver também Salmo 83, 2 (83, 1): “Ó Deus, não guardes silêncio
(...)”. Os capítulos 25, 26, 35 e 36 (até o versículo 16) do livro de Ezequiel
fornecem mais elucidações sobre o assunto.