"E muitas nações dirão: Vinde e subamos ao monte do Senhor, à casa do
Deus de Jacob, e Ele deve ensinar-nos nos seus caminhos, e nós andaremos pelas
suas veredas, pois de Sião
sairá a lei e a palavra do Senhor de Jerusalém" (Isaías 2, 3). Os
cristãos combinam esse versículo com Isaías 51, 4: "Ouvi-me, ó meu povo, e
dá ouvidos a mim, ó minha nação, por uma lei procede de mim, e eu vou fazer o
meu juízo para uma luz dos
povos". Eles
dedem que Isaías profetizou aqui que haveria um pacto futuro, a saber, a lei de
Jesus. A lei de Moisés teria sido entregue no Sinai, enquanto a nova doutrina
de Jesus seria promulgada em Sião.
REFUTAÇÃO:
O capítulo anterior refuta esta afirmação, nele estabelecemos testemunho incontestável de que a lei de Moisés não deve ser revogada e que nenhuma segunda revelação deve ser adicionada à antigo. Por conseguinte, nenhuma inferência ou suporte pode ser derivada a partir dos textos acima. Os versos citados não declaram de modo algum que uma nova lei deveria ser dada pelo Todo-Poderoso, mas que a תּוֹרָה (Torá), que significa instrução e aperfeiçoamento, sairá de Sião, e deve ser comunicada através do advento do verdadeiro Messias esperado. Assim, dirão: "E ele nos instruirá em seus caminhos, e nós andaremos pelas suas veredas". O Rei Messias deve ser o instrutor. Em alusão a ele, o profeta diz: "E ele julgará entre as nações". Uma passagem relacionada a essa lemos em Isaías 42, 1: "Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios". Uma promessa paralela é dada nas palavras "Atendei-me, povo meu, e nação minha, inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e o meu juízo farei repousar para a luz dos povos". A atividade benéfica do Rei Messias é ainda mostrada na predição (Isaías 2, 4) "E eles devem transformar suas espadas em relhas de arado", etc.
Isso justifica a expectativa de que, nos casos em que, de outro modo,
ocorreriam guerras decorrentes de disputas e contendas, as decisões serão feitas
pelo Rei Messias, que irá governar sobre todas as nações, e decidir qual
partido está no lado direito, e qual, no errado. Assim,
ele irá estabelecer a paz entre eles, e evitar a guerra entre as nações. Os
instrumentos destrutivos de batalha não serão mais necessários, e serão
convertidos em instrumentos de lavoura. "As
espadas serão inutilizadas em arados, suas lanças em foices; nação deixará de
levantará a espada contra outra nação, e eles deixarão de aprender a arte da
guerra". Temos
por essa profecia a garantia de que a lei que deve proceder do Messias é nada
mais do que a instrução e propagação dos princípios mais humanos. A
palavra hebraica תּוֹרָה é muito utilizada para transmitir a idéia de instrução. Veja Provérbios 1,
8: “Filho meu, ouve a instrução de teu
pai, e não deixes as leis (ou ensino) de tua mãe". Além disso, 3, 1:
"meu filho, não te esqueças as minhas leis (ensinamentos), e que o teu
coração guarde os meus preceitos". E no mesmo capítulo, "pois eu te
dou uma boa doutrina: não abandones as minhas leis" (ou seja, instruções).
Nenhuma pessoa vai se aventurar a afirmar que o rei Salomão fez alusão a
qualquer nova lei, escrita por ele mesmo, ou por qualquer um dos seus contemporâneos.
Nossos oponentes em controvérsias, eles mesmos, devem reconhecer que a palavra תּוֹרָה no Livro de Provérbios não tem nenhum
outro significado, mas instruções mundanas não inspiradas. A inferência
dedutível a partir desta interpretação, no que diz respeito à passagem em
discussão, é tão óbvia que não deixa qualquer fundamento para afirmar a
existência de uma nova lei subsequente à dada por Moisés.
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