sábado, 1 de setembro de 2018

Parte 2, Capítulo 95 - Mais versículos dos Salmos foram citados para provar divindade de Jesus


Hebreus 1, 5-9: " Pois a qual dos anjos Deus alguma vez disse: "Tu és meu Filho; eu hoje te gerei"? E outra vez: "Eu serei seu Pai, e ele será meu Filho"? E ainda, quando Deus introduz o Primogênito no mundo, diz: "Todos os anjos de Deus o adorem". Quanto aos anjos, ele diz: "Ele faz dos seus anjos ventos, e dos seus servos, clarões reluzentes". Mas a respeito do Filho, diz: "O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu Reino. Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros, ungindo-te com óleo de alegria".

Os erros do autor desta epístola são tantos quanto as citações com as quais ele se esforça para confirmar seus pontos de vista. A (falsa) conexão estabelecida entre Jesus e o sétimo verso do Salmo 2, "Tu és meu filho, hoje eu te gerei", nós já esclarecemos em nossas observações sobre Atos 8,33. Nós provamos que Davi aplicou essas palavras elevadas a si mesmo. Por isso, os cristãos não estão certos ao deduzir pontos doutrinários deste salmo. A promessa feita em II Samuel 7,14: "Eu serei para ele como um pai, e ele será para mim como um filho", foi feita a respeito de Salomão, filho de Davi. Os próprios cristãos não gostariam de associar estas palavras a Jesus, visto que a profecia contém a predição: "Se ele cometer iniquidade, castigá-lo-ei com vara de homens e com as ataduras dos filhos dos homens". Quanto a Jesus, é bem sabido que seus adoradores estão convictos de que ele nunca cometeu nenhum pecado.

O autor da Epístola finge descobrir em nossa Escritura que os anjos de Deus estavam destinados a adorar a Jesus. Encontramos no Salmo 97, 7: "Todos os anjos O adoram", isto é, aquele de quem se fala é o Senhor de toda a terra. As palavras "O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre", são erroneamente citadas no Salmo 45, 7 [45, 6]. Nós lemos lá “Kissakhá Elo-him”, que significa "Teu trono (é) de Deus", e não "Teu trono, ó Deus". Assim encontramos em I Crônicas 29,23: "E Salomão se assentou no trono do Senhor". Tendo o Senhor o reconhecido rei de Israel, o trono ocupado por Davi e sua posteridade foi descrito como o trono do Senhor. Este trono deve ser ocupado pelos descendentes de Davi eternamente. Assim Daniel profetiza, no capítulo 2,44: "O Deus do céu estabelecerá um trono que não será destruído por toda a eternidade".

Para estar convencido de que nossa interpretação está correta, basta que o leitor observe a continuação das palavras do Salmo 45, 8 [45, 7], "Tu amas a justiça e aborreces a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu". Se Jesus é Deus, poderia o salmista se dirigir a ele com palavras como “o teu Deus”?

Parte 2, Capítulo 93 - Tiago contradiz totalmente a opinião de Paulo sobre fé e obras


A respeito de Tiago 2, 14 até o final do capítulo: o autor desta epístola recomenda boas obras como superiores à mera fé, e então continua: "Não foi nosso pai, Abraão, justificado pelas obras, quando ofereceu Isaque, seu filho, sobre o altar? Da mesma forma também, não foi Raabe a prostituta justificada pelas obras, quando recebera os mensageiros e os enviara por outro caminho? Porque assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.

A opinião aqui citada contradiz a de Paulo, que escreve em sua Epístola aos Romanos, capítulo 3, 20: "Portanto, pelas obras da lei nenhuma carne será justificada". Novamente ele diz, no mesmo capítulo, versículo 28: "Portanto, concluímos que um homem é justificado pela fé sem as obras da lei". Em sua epístola aos Gálatas, capítulo 2,16, Paulo repete a afirmação de que a fé em Jesus é de maior proveito do que a observância da lei, dizendo: "Sabendo que um homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo". No final deste capítulo, ele afirma: "Se a justiça vem pela lei, então Cristo morreu em vão". Doutrina semelhante é encontrada no capítulo 3 da mesma carta, do começo ao fim. Também ao longo da Epístola aos Hebreus, capítulo 11, sustenta-se que a fé é preferível às obras. Veja novamente o versículo 17, que diz: "Abraão, provado pela fé, ofereceu Isaque". Novamente, versículo 31, "Pela fé, a prostituta Raabe não pereceu com os que não creram, quando ela recebeu os espias em paz". Nós, judeus, não temos interesse em reconciliar as discrepâncias que ocorrem no Novo Testamento e decidir se mais verdade pode ser encontrada em uma dessas opiniões ou na outra. Todas as nossas aspirações nos levam a adotar um modo de vida em perfeita conformidade com a Santa Lei, que nos diz: [Deuteronômio 6,25] "E nos será contada como justiça se guardarmos e cumprirmos todos estes mandamentos".

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Parte 2, Capítulo 96 - A estranha doutrina de que Jesus foi adorado pelos anjos sendo inferior a estes


Hebreus 2, 7 afirma “Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e o constituíste sobre as obras de tuas mãos”. No versículo 9, é dito: "Jesus, que foi feito um pouco menor que os anjos". É extraordinário que Jesus, como ser inferior, deveria ter sido destinado a ser adorado pelos anjos, que eram seus superiores. Observando-se o Salmo 8, versículos 4-7 [8: 3-6], descobrimos que o autor da epístola, citando algumas palavras, perverteu seu significado real. O salmista, ao usar a expressão "Quando vejo os céus, as obras de teus dedos, e a lua e as estrelas que tu fixaste", deve ser entendido como se ele tivesse se expressado nas seguintes palavras: Aterrorizado e admirado, sinto a absoluta nulidade das criaturas humanas e digo a mim mesmo: "O que é homem mortal, para que te lembres dele, e o filho do homem, para que tu tomes dele nota". O sentimento de fragilidade e mortalidade do homem causaram no salmista uma profunda humildade. Por outro lado, o homem torna-se consciente de seu estado nobre, como o possuidor de um espírito imortal, o que o torna quase igual aos anjos ministradores nas alturas. É com respeito a este dom supremo que o salmista exclama: "Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste". Abençoado com inteligência, o homem governa as criaturas inferiores do campo e da floresta, do ar e do mar.

Este salmo não tem, portanto, qualquer alusão a qualquer doutrina não-judaica, e mostra-se como um sublime comentário da vontade divina, como está referida em Gênesis 1,26: "Faremos o homem à nossa imagem, segundo a nossa semelhança, e domine sobre o peixe do mar e as aves do céu e os animais e sobre toda a terra. Tendo esta visão clara das várias partes da Escritura, o leitor sincero concordará conosco que a verdade inflexível de nossos escritos revelados não admite qualquer sombra de prova para a classificação dada a Jesus na teologia mística dos cristãos.