sábado, 2 de março de 2019

Parte 1, Capítulo 19 - A Torá era temporária? Foi substituída pela 'Nova Lei de Jesus'?


Muitos cristãos ensinam que a Lei mosaica não foi estabelecida permanentemente, mas apenas por um período limitado, tendo sido totalmente revogada por Jesus, que legou aos seus discípulos e seguidores uma nova lei que os dispensava de se conformarem com a Lei Mosaica e seus antigos estatutos e decretos. Os cristãos alegam que mediante a Lei antiga os israelitas foram entregues ao poder da morte, enquanto a nova dispensação representa a lei da graça e é mais fácil de praticar. Os mandamentos dados, dizem eles, eram tão rigorosos que ninguém podia observá-los adequadamente. Daí veio que as leis fundamentais, como a circuncisão e as observâncias do sábado e festas eram apenas temporários, e continuaram apenas até a época da vinda de Jesus, o Nazareno, que imediatamente substituiu a circuncisão pelo batismo e a consagração do primeiro dia da semana em vez do sétimo.

Refutação: Esta afirmação dos cristãos é falaciosa. O próprio Evangelho refuta a opinião deles, pois em Mateus 5, 17-20 Jesus diz aos seus discípulos: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim revogar, mas cumprir; porque verdadeiramente digo-vos: até que o céu e a terra passem, um jota ou um til não passará da Lei até que tudo seja cumprido. Portanto, aquele que violar um destes mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus, mas aquele que os praticar e ensinar será chamado de grandioso no reino dos céus”.

Os próprios cristãos devem admitir que Jesus e seus apóstolos foram circuncidados; pois descobrimos que Paulo circuncidou seu discípulo, Timóteo, como está registrado em Atos 16, 3, fato que prova, de acordo com sua própria declaração, que a lei não foi abolida mesmo após a morte de Jesus. O sétimo dia também foi mantido sagrado pelos fundadores da religião cristã e seus discípulos. O sábado foi observado (o tradutor ao inglês refere-se ao livro de Festas e Jejuns publicado em 1825) por quase 500 anos depois da era comum, quando um dos papas instituiu a santificação do primeiro dia da semana em vez do dia apropriado, o sétimo.

O sétimo dia não foi meramente instituído como uma lei cerimonial, prescrevendo-nos a cessação de todo trabalho, mas deve ser considerado universalmente sagrado pela palavra expressa do Todo-Poderoso: “Lembre-se do dia de sábado para santificá-lo” (Ex 20, 8).  Veja também Ex 16, 29: “Eis que o Senhor vos dá o sábado; por isso, ele vos dá, no sexto dia, alimento para dois dias”. O suprimento de maná durante os seis dias da semana e a distribuição do dobro da quantidade no sexto dia proporcionam uma confirmação divina miraculosa da santidade do sábado.

Portanto, a Divina Ordenança do Sábado não pode ser revogada, constituindo um mandamento incluído no Decálogo, cuja autoridade é reconhecida por todos os seguidores do cristianismo. Parece, no entanto, que os cristãos têm estado ansiosos por abolir a lei de Moisés por sua própria vontade e responsabilidade, pois eles não têm autoridade alguma para fazer isso, nem a receberam de Jesus e dos apóstolos! Se Jesus realmente os anulou os mandamentos contidos em nossa Bíblia, por que ele insistiu na observância de uma parte deles? Os cristãos concordariam que seus precursores pregaram a honra devida aos pais, o amor à vizinhança e caridade. Jesus os advertiu contra o homicídio, o adultério, o roubo e o falso testemunho! Veja Mateus 19. Em que base repousa a proibição do Apóstolo de se abster de idolatria, incesto e comer sangue e estrangular animais? (Ver Atos 15, 20). Não podemos compreender a afirmação de que a lei de Moisés deve ser interrompida porque os israelitas haviam sido culpados de morte de acordo com ela, mas não de acordo com a lei de Jesus, que era chamada de lei da graça. Paulo não ordenou a morte de alguém que se casasse com a esposa de seu pai? (Veja 1 Coríntios 5, 1). Mesmo nos dias atuais (época do autor do livro), os cristãos infligem a morte ao assassino, ao adúltero e ao ladrão. Por outro lado, segundo a dispensação mosaica, os roubos pecuniários não eram punidos com a morte! Neste ponto, a prática cristã é mais severa que a Torá! Veja Êxodo 21, 16, onde se diz: “Quem rapta um homem e o vende, será morto” etc. Igualmente falsa é a afirmação de que a lei de Jesus é mais fácil de praticar do que a de Moisés. Em Mateus 19, 21, encontramos: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres”. O mesmo é repetido em Lucas 18, 22. Isto mostra que é exigido pelas leis de Jesus que o homem deve dedicar toda a sua propriedade a fins caritativos. A lei de Moisés, no entanto, decreta que somente a décima parte da colheita deve ter fins caritativos, e o restante deve ser desfrutado pelo proprietário. Isso prova que o sistema legislativo de Moisés não é de modo algum opressivo, mas, pelo contrário, serve para beneficiar tanto o corpo como a alma. Novamente, se os homens foram dispensados ​​da obediência às leis de Moisés, por que os cristãos e o Novo Testamento reconhecem algumas das leis sobre consanguinidade e proíbem o intercurso sexual entre os seguintes seis graus de afinidade, a saber, com a mãe, a esposa do pai, a irmã, a esposa do irmão, a filha e a esposa do filho? No que diz respeito a outras relações, os cristãos não são orientados pelas ordenanças Divinas transmitidas a nós através de Moisés, mas ocasionalmente permitem o ilícito e proíbem os graus legítimos de parentesco para fins de casamentos.

Os cristãos parecem aqui abandonar os alicerces sólidos sobre os quais depositamos nossas esperanças e agir a partir de opiniões que eles mesmos criaram. O Evangelho não apresenta nenhum código expresso sobre os pontos em questão. Ora, se as Leis não são mais válidas para determinar a relação de consanguinidade, por que Jesus não introduziu novos regulamentos em lugar das leis de Moisés? Nos dias de hoje, os cristãos são parcialmente guiados pelo código mosaico, e em parte por representações humanas em vários períodos. Eles fazem mudanças e alterações, acomodando-se aos costumes da época e tornando princípios estabelecidos subservientes a desejos temporários e inovações arbitrárias. Uma vez convencidos, como nós israelitas, de que a revelação divina procede da Sabedoria Infinita e é, portanto, em si mesma, completa e perfeita em seu objetivo, não podemos admitir qualquer mudança, desvio, adição ou diminuição na Torá. As Sagradas Escrituras nos advertem sobre este ponto. Deuteronômio 4, 2 afirma: “Toda a palavra que vos mando, observe e cumpra. Não lhe acrescentareis, nem diminuireis”. Além disso, Deuteronômio 4, 8 observa: “Onde há uma nação tão grande que tenha tais justos estatutos como toda esta Lei que eu coloco diante de vocês neste dia? O texto do mesmo livro diz: “Se tu obedeceres a voz do Senhor teu Deus para observar os seus mandamentos e os seus estatutos que estão escritos neste livro desta lei” etc. Ainda no mesmo livro (Deuteronômio 33, 4) lemos: “A lei que Moisés mandou a nós é uma herança da congregação de Jacó”. A isto acrescentamos as palavras do salmista (Salmos 19, 8-10 [19, 7-9]): “A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente”. No mesmo livro (Salmo 119, 44) ele diz: “E guardarei os teus mandamentos para todo o sempre”. Referimo-nos também à conclusão da profecia de Malaquias, que diz: “Lembrai-vos da lei de meu servo Moisés, que eu lhe ordenei em Horebe, diante de todo o Israel, (dando-lhes) estatutos e juízos”. Estes versos dão evidência satisfatória de que a Lei Divina em sua sublime perfeição e simplicidade não deve ser aumentada ou reduzida, e muito menos ser revogada e substituída por qualquer outro código. A imutabilidade da Lei é pronunciada em Deuteronômio 28, 1: “E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra”. O mesmo se repete em uma passagem subsequente, dizendo: “Se queres ouvir a voz do Senhor teu Deus, observe os seus mandamentos, que estão escritos no livro desta lei”.

Isto prova manifestamente que as promessas e garantias de bênçãos do Deuteronômio só serão realizadas desde que sigamos rigidamente os preceitos prescritos nos livros de Moisés. A expressão “neste dia” aponta a impossibilidade de uma legislação subsequente e a imutabilidade da Vontade revelada do Todo-Poderoso. De maneira semelhante, aprendemos da passagem “A lei que Moisés nos deu é uma herança da congregação de Jacó” que, ao contrário da crença cristã, nenhum período fora designado para limitar a duração do código Mosaico. A lei de Moisés deve permanecer uma herança eterna para a congregação de Jacó para sempre, pois não será esquecida na boca de sua descendência. O termo “congregação de Jacó” (em vez de casa ou descendência de Jacó) mostra que a Lei não é apenas uma herança para os filhos de Jacó, mas para todos os que possam se reunir com eles “dos filhos do estrangeiro” que se unam ao Senhor para servi-lo e amar o nome do Senhor e ser Seus servos. Todo aquele que guardam o sábado tomam posse da minha aliança. “Eles devem”, como diz Isaías (14, 1), “se unir a eles e ser incluídos na casa de Jacó”. A expressão “Todos os Seus mandamentos são seguros, permanecem firmes para todo o sempre” não é menos uma evidência da eternidade das leis contidas no Pentateuco. As palavras la‘ád (para sempre) e le‘olám (eternamente) implicam um curso ininterrupto e interminável de tempo. Concluímos este capítulo com as palavras do Salmo 148, 6: “E Ele os estabeleceu para todo o sempre, Ele deu uma ordenança e ela não será infringida”. A passagem “e eu vou manter Tuas mandamentos continuamente para sempre e sempre” alude a um período ilimitado pelo tempo. Em conformidade com isto, encontramos em Êxodo 15,18, as palavras “O Senhor reinará para todo o sempre” (Adonai yimlôkh le‘olám va‘êd). Assim também na exortação do último dos profetas (Malaquias 3, 22 [4, 4]), lemos: “Lembrai-vos da lei de Moisés, que lhe ordenei em Horebe acerca de todo o Israel, (dando) estatutos e juízos”. Daí deduzimos que nunca haverá outra Lei além da Torá. Nós também estamos de acordo com as autoridades gentílicas que afirmam que a Lei de Deus dada a Israel é eterna e perfeita, que nenhuma lei posterior foi dada e que aqueles que estão errados afirmam que Moisés estabeleceu a primeira lei e Jesus a segunda lei. Jesus não deu nova lei, mas apenas confirmou os mandamentos dados através de Moisés. Assim, em todos esses pontos doutrinários, eles concordam conosco.

sexta-feira, 1 de março de 2019

Parte 1, Capítulo 28 - Prevista a matança dos inocentes por Herodes? (Jr 31, 15)


Jeremias 31, 15 diz: “Assim diz o Senhor: Uma voz se ouviu em Ramá, lamentação, choro amargo; Raquel chora seus filhos; não quer ser consolada quanto a seus filhos, porque já não existem”.

Os cristãos enxergam essa passagem como uma profecia relacionada a eventos que têm a ver com seu credo, como se Jeremias tivesse previsto aqui o assassinato das crianças em Belém, decretado pelo rei Herodes. Sobre esse rei é dito que apresentaram que em Belém de Judá havia nascido um menino que deveria ser no futuro um rei dos judeus e, como Herodes não podia determinar quem era o futuro pretendente e onde encontrá-lo, ele ordenou matar todas as crianças menores de dois anos em Belém. O Cristianismo diz que a isso se referem as palavras citadas acima, como o leitor encontrará ao examinar Mateus 2.

Refutação: em uma ocasião anterior, mostramos que os cristãos apoiam a doutrina de sua religião através de sentenças bíblicas totalmente separadas de seus contextos e conexões, sem levar em conta a concordância de todo o parágrafo mencionado em suas citações. Se, de acordo com suas suposições, Raquel estava chorando pelo massacre impiedoso cometido contra os filhos de Belém de Judá, surge a pergunta: por que não foi Lea a representada como a mãe enlutada, pois foi dela que aquelas vítimas da tirania de Herodes foram descendentes (Sendo Lea a mãe de Judá)? Outra questão surge: que conexão tem o luto de que se fala com as promessas consoladoras dadas pelo Senhor? Jeremias 31, 16-17 diz: “Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, pois eles voltarão da terra do inimigo. E há esperança quanto ao teu futuro, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os seus termos”.

A seguinte explicação da passagem, no entanto, é coerente com o contexto: - O profeta fala aqui alegoricamente. As crianças aludidas aqui são as dez tribos no exílio. Essas dez tribos (“do Norte”) estão compreendidas em todos os livros proféticos sob a designação de Efraim (a tribo descende de Raquel); portanto, Raquel está chorando por seus filhos que foram expulsos de seu país pelos reis da Assíria. As dez tribos eram chamadas Efraim porque o seu primeiro rei, após a sua deserção do rei de Judá, era Jeroboão, filho de Nebate, da tribo de Efraim. Isto é confirmado pela predição de Jeremias 7, 15: “E eu te expulsarei da minha presença, como lancei todos os teus irmãos, toda a descendência de Efraim”.

A última palavra hebraica do versículo citado no começo deste capítulo (Jeremias 31, 15), é “enênu”, que, na realidade, não significa que “eles não serão encontrados”, mas sim que ele não será encontrado, porque o singular se relaciona aqui com a palavra “povo”, que está implícita. Pois quando as tribos de Judá e Benjamim retornaram do cativeiro da Babilônia, as dez tribos não voltaram com elas, nem o local de seu povoamento permaneceu totalmente conhecido. Por esta razão, o número total de pessoas desaparecidas é expresso no singular, aludindo à restauração de todo o povo nos dias do Messias. O profeta Jeremias continua, em nome de Deus (31, 16-17): “Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, pois eles voltarão da terra do inimigo. E há esperança quanto ao teu futuro, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os seus termos”. Esses versículos, todos ligados uns aos outros, fornecem a prova mais inteligível de que o profeta não aludia à morte dos filhos de seu povo, mas à sua dispersão. Por essa interpretação podemos dar sentido ao versículo 18 do mesmo capítulo: “Bem ouvi eu que Efraim se queixava, dizendo: Castigaste-me e fui castigado, como novilho ainda não domado; converte-me, e converter-me-ei, porque tu és o Senhor meu Deus”. Também diz o versículo 20: “Efraim, meu querido filho, não é ele meu filho querido?”. E mais uma vez, no verso 21: “Levanta para ti sinais, faze para ti altos marcos, aplica o teu coração à vereda, ao caminho por onde andaste; volta, pois, ó virgem de Israel, regressa a estas tuas cidades”. Estas palavras referem-se ao retorno dos cativos de Israel. O último e completo retorno das tribos de Israel também foi predito por Ezequiel 37, 19: “Tu lhes dirás: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu tomarei a vara de José que esteve na mão de Efraim, e a das tribos de Israel, suas companheiras, e as ajuntarei à vara de Judá, e farei delas uma só vara, e elas se farão uma só na minha mão”. Este capítulo aponta para a restauração e reunião das dez tribos com as tribos de Judá e Benjamim, assim como sua subordinação a um único rei nos dias do Messias.

Em uma parte anterior deste trabalho, notamos que a restauração das dez tribos não foi planejada para acontecer no retorno do cativeiro da Babilônia, e que no total apenas 42.000 pessoas voltaram para a Terra Santa.

Certos cristãos afirmaram que o nome de Israel, mencionado em partes específicas das Escrituras que se relacionam com a restauração, é restrito às dez tribos, mas isto não é verdade, porque está escrito que Israel será lembrado pela tribo de Judá. Veja Jeremias capítulo 30, 19: “Eis que eu tomarei a vara de José que esteve na mão de Efraim, e a das tribos de Israel, suas companheiras, e as ajuntarei à vara de Judá, e farei delas uma só vara, e elas se farão uma só na minha mão”. E no mesmo livro, capítulo 23, 6, encontramos: “Nos seus dias Judá será salvo e Israel habitará em segurança”. Amós 2 fala primeiro das três transgressões de Israel, e depois daquelas de Judá, ou seja, Israel denota aqui as dez tribos. Mas quando o nome Israel ocorre sozinho, inclui também as duas tribos de Judá e Benjamim, sendo o nome coletivo usado em nome de todo o povo.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Parte 1, Capítulo 46 - O Castigo Divino sobre as nações que perseguem os judeus

Há um exemplo notável do cumprimento dos avisos proféticos a ser observado no castigo infligido aos gentios que implacavelmente perseguiram os judeus. Nunca houve um governante exercendo tirania sobre o povo judeu que escapou impune. Embora o Todo-Poderoso considere adequado visitar as transgressões de Israel, Ele não tolera que o homem mortal aja arbitrária e malignamente, ainda que seja empregado como instrumento da Divina Providência. Assim, Faraó, Senaqueribe, Nabucodonosor, Hamã e outros perseguidores dos judeus encontraram a retribuição adequada aos seus excessos, apesar das calamidades do exílio que caíram sobre os israelitas por sua insistência no pecado. Os israelitas não perderam o título de povo de Deus e Sua herança. Além disso, o Senhor nunca os deserdou até o ponto de destruí-los totalmente, pois o único objetivo de Suas correções era trazê-los de volta de sua conduta iníqua. Deus nunca destruiu o laço do pacto feito com os patriarcas do povo judeu, do qual O Senhor está em todas as partes da Escritura mencionado como Deus. Isto é ilustrado pela seguinte citação: Levítico 26, 44: “Apesar disso, quando estiverem na terra do inimigo, não os desprezarei, nem os rejeitarei, para destruí-los totalmente, quebrando a minha aliança com eles, pois eu sou o Senhor, o Deus deles”. Em seu próprio país, os israelitas cometeram pecados decorrentes de sua prosperidade e riqueza, e sua punição foi, portanto, proporcional aos seus maus caminhos. A perda da “boa terra” e a degradação de um estado independente para um estado dependente, e da riquezas para a pobreza foram os castigos por seu desvio dos caminhos de Deus. A esse respeito, eles compartilharam o destino do ministro de um rei que caiu em desgraça com seu soberano: mesmo depois que sua propriedade foi confiscada, ele continua sendo um dos senhores honrados por seu amo e, ao abaixá-lo, o rei apenas exerce sua prerrogativa real. Deveria agora um estranho se comprometer a lançar mais humilhação sobre o cortesão caído? Seu mestre não dirigirá seu descontentamento e vingança sobre o que espezinha o homem caído? De fato, a história demonstrou amplamente que nos mesmos países em que os judeus sofreram perseguição por sua fé, os perseguidores logo se engajaram em conflitos sanguíneos entre si sob vários pretextos. Após a expulsão dos judeus da Inglaterra, da França, da Espanha e da Alemanha, ouviram-se inusitadas as crueldades, cuja descrição suscita o maior horror em todos os corações, enquanto, por outro lado, os países em que os judeus ficaram em paz, sem serem molestados, experimentaram as dádivas mais inegáveis ​​da civilização e obtiveram por retribuição providencial o gozo da prosperidade. Esse estado de quietude jamais permanecerá ininterrupto onde quer que a tolerância prevaleça, embora novas seitas possam começar desafiando os credos recém-estabelecidos. Esta opinião é fundamentada em nossa própria experiência, bem como nos seguintes testemunhos bíblicos: (Deuteronômio 7, 15) “O Senhor os guardará de todas as doenças. Não infligirá a vocês as doenças terríveis que, como sabem, atingiram o Egito, mas as infligirá a todos os seus inimigos”. O mesmo livro (30, 7) diz: “O Senhor, o seu Deus, enviará então todas essas maldições sobre os inimigos que os odeiam e os perseguem”. Veja também Isaías 41, 11- 12: “Todos os que o odeiam certamente serão humilhados e constrangidos; aqueles que se opõem a você serão como nada e perecerão. Embora procure os seus inimigos, você não os encontrará. Os que guerreiam contra você serão reduzidos a nada”. Também no capítulo 47, 5- 6: “Sente-se em silêncio, entre nas trevas, cidade dos babilônios; você não será mais chamada rainha dos reinos. Fiquei irado contra o meu povo e profanei minha herança; eu os entreguei nas suas mãos, e você não mostrou misericórdia para com eles. Mesmo sobre os idosos você pôs um jugo muito pesado”. Isaías, capítulo 49, 26 diz: “Farei seus opressores comerem sua própria carne; ficarão bêbados com seu próprio sangue, como com vinho. Então todo mundo saberá que eu, o Senhor, sou o seu Salvador, seu Redentor, o Poderoso de Jacó”.

Veja também Jeremias 2, 3: “Então Israel era santidade para o Senhor, e as primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor”.

O mesmo profeta (30, 16): “Por isso todos os que te devoram serão devorados; e todos os teus adversários irão, todos eles, para o cativeiro; e os que te roubam serão roubados, e a todos os que te despojam entregarei ao saque”. Joel 4, 2 (3, 2 nas Bíblias cristãs): “Congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e repartiram a minha terra”. O mesmo profeta diz, na conclusão do seu livro, capítulo 3, 19 “O Egito se fará uma desolação, e Edom se fará um deserto assolado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente”. Obadias, em sua profecia (versículo 10), diz: “Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á a confusão, e serás exterminado para sempre”. Sofonias 2, 9- 10: “Portanto, tão certo como eu vivo, diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, Moabe será como Sodoma, e os filhos de Amom como Gomorra, campo de urtigas e poços de sal, e desolação perpétua; o restante do meu povo os saqueará, e o restante do meu povo os possuirá. Isso terão em recompensa da sua soberba, porque escarneceram, e se engrandeceram contra o povo do Senhor dos Exércitos”. Na conclusão do livro, o profeta diz (3, 19): “Eis que naquele tempo procederei contra todos os que te afligem, e salvarei a que coxeia, e recolherei a que foi expulsa; e deles farei um louvor e um nome em toda a terra em que foram envergonhados”. Zacarias 1, 15: “E com grande indignação estou irado contra os gentios em descanso; porque eu estava pouco indignado, mas eles agravaram o mal”. Zacarias 2, 12 - 13 (versões cristãs: 2, 8-9): “Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Depois da glória ele me enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho. Porque eis aí levantarei a minha mão sobre eles, e eles virão a ser a presa daqueles que os serviram; assim sabereis vós que o Senhor dos Exércitos me enviou”. Ver também Salmo 83, 2 (83, 1): “Ó Deus, não guardes silêncio (...)”. Os capítulos 25, 26, 35 e 36 (até o versículo 16) do livro de Ezequiel fornecem mais elucidações sobre o assunto.