terça-feira, 6 de setembro de 2016

Parte 1, Capítulo 2 - A Alegação de que Deus rejeitou Israel e os judeus



Um argumento foi apresentado pelos cristãos: dizem que que o Todo Poderoso rejeitou a nação israelita, porque os judeus não quiseram ouvir os ensinamentos do Messias, seu mensageiro, portanto juízo foi executado sobre eles. O Senhor, dizem eles, escolheu a nação cristã, e permitiu a Cristo sofrer o martírio por causa dessa nação, para a salvação de suas almas, por terem reconhecido o Messias e colocado fé nele.


REFUTAÇÃO:

Este argumento é improcedente. Os próprios cristãos admitem que antes da vinda de Jesus, eles (como gentios) negaram o Todo-Poderoso, e eram idólatras. Mesmo depois de sua vinda, Jesus não foi recebido como um Deus, nem tido como tal até algumas centenas de anos após sua existência. Os próprios gentios perseguiram-no a ele, seus discípulos, apóstolos e seguidores. Nero, o imperador de Roma, por exemplo, fez com que Pedro e Paulo sofressem uma morte não natural, por conta de seus esforços para persuadir e incitar o povo a crer em Jesus. Décio, o imperador romano, fez, num espírito semelhante, com que Laurêncio fosse queimado vivo no ano 254 da era comum, por ter convencido as pessoas a abraçarem o cristianismo. Assim agiram todos os imperadores que o sucederam; perseguiram os cristãos, mataram os papas e os que seguiam a religião de Jesus, como pode-se constatar a partir de suas histórias eclesiásticas. O primeiro imperador bizantino que adotou a fé cristã foi Constantino, que estabeleceu leis para seus correligionários 300 anos após a morte de Jesus. Nos seus dias viveu Ário, que compôs uma obra polêmica contra os dogmas cristãos, mas Constantino não deu ouvido às suas opiniões. Após a morte deste monarca, Constantino Segundo ligou-se à seita de Ário, e menosprezou as doutrinas estabelecidas. Juliano, seu sucessor e parente, igualmente aderiu às opiniões arianas, e rejeitou os princípios gerais da Fé Cristã. Seu exemplo foi imitado por vários de seus sucessores. Há, mesmo em nossos tempos, pessoas que reconhecem a autoridade de Ário, e que constituem a seita chamada pelo seu nome. A rejeição original do Cristianismo por parte dos gentios também é notada entre os antigos habitantes da Prússia; quando o bispo Adalberto de Praga veio a eles para instruí-los em sua religião, no ano 990 da era cristã, eles o cortaram em pedaços. Os prussianos e poloneses não se converteram à religião cristã antes do século XI, e os escandinavos não até depois do ano 1400 da era comum, como se afirma na história eclesiástica.

A maioria dos seguidores do cristianismo continuam, mesmo nos dias de hoje a adorar em seus locais de imagens de culto de ouro e prata, madeira e pedra, e muitos deles mostram reverência divina ao biscoito, ou hóstia, prostrando-se ante ele. Essas práticas mantêm-se em contradição com os ensinamentos de Jesus, que rigorosamente admoestou seus discípulos e apóstolos a se absterem delas, assim como da alimentação dos sacrifícios oferecidos a ídolos. Também encontramos no Evangelho que eles são proibidos de comer sangue, ou a carne de animais estrangulados; essas ordenanças são ignoradas mesmo pelos cristãos mais escrupulosos. Eles também profanam o verdadeiro dia de sábado, o mandamento rigoroso que foi mantido por Jesus, e em seguida por seus discípulos e seus seguidores, durante o período de 500 anos. A partir desse período, a antiga lei foi substituída pelo convite papal para celebrarem o primeiro dia da semana, domingo, como o dia sagrado. Daí surge a pergunta: Como eles podem se gabar de serem a nação preferida, eleita, em recompensa por sua veneração a Jesus, ou como podem assumir o nome de cristãos, uma vez que não existe entre eles um único observador dos preceitos Mosaicos, que o próprio Jesus declarou invioláveis? Além disso, eles desviam de seus estatutos, acrescentando e diminuindo dos ditames do Evangelho, enquanto este pronuncia maldições severas contra aqueles que se aventurem a adicionar a suas palavras ou a diminuir das mesmas, como podemos perceber através das passagens acima referidas, as quais serão apresentadas mais detalhadamente no capítulo 49 do presente trabalho.

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