Meu zelo religioso foi despertado, ao descobrir que o nome do
Ser Supremo foi desonrado, e nossa Santa Lei profanada, pelas mesmas pessoas
que tinham sido designadas para serem os guardiões da fé e as testemunhas
dessas grandes verdades que tornam o homem simples sábio, o coração
entristecido contente; e os olhos brilhantes. Para minha tristeza, descobri que
o estudo curioso e incansável da religião, que produz devida recompensa a seus
seguidores zelosos, não foi cultivado entre nós como nos primeiros dias, e
estou certo de que a ignorância e equívocos crescentes acrescentou sobrecarga
mental às físicas. Perseguições resultantes de ódio religioso se multiplicaram
sobre os filhos de minha fé em todos os cantos do globo, e foram cada vez maiores
em amargura, tanto em consequência do baixo estado de conhecimento possuído
pelos judeus em matéria de controvérsia teológica quanto pelas confusas e
equivocadas noções que os cristãos haviam formado do judaísmo. Apesar disso, é
absolutamente imperativo para o homem ser em todos os momentos preparado para
repelir qualquer ataque feito a sua crença. Em conformidade com esta
observação, nossos sábios inscreveram sua opinião no seguinte axioma: - "O
homem deve assiduamente estudar sua própria fé, e ser competente para dar uma
resposta adequada aos seus antagonistas" ainda mais quando se considera
que, na maioria dos casos, a oposição a nossas doutrinas repousa sobre a má
interpretação das Escrituras das quais apenas nós somos herdeiros legítimos e
expositores.
Influenciado pelas reflexões acima expostas, empreendo este
humilde trabalho, que, em sua estreita abrangência, trata de um assunto da
maior importância. Meu objetivo é proporcionar o fortalecimento do crente
sincero nas revelações do Sinai que, porventura, seja incapaz de se defender, e
cujas opiniões possam ser expostas aos contínuos ataques de seu agressor. Recomendo
a meu correligionário uma leitura atenta do "FORTALECIMENTO DA FÉ" (Ḥizuq Emuná), no qual ele vai
encontrar um vasto acervo de argumentos e provas a favor e em defesa de nosso
venerável credo. Em anos anteriores, quando eu investigava as obras de vários
teólogos cristãos, e tinha disputas frequentes com expositores da dita religião,
fazia questão de raciocinar de forma branda e imparcial. Na verdade, eu colocava
minha confiança na solidez da minha posição, preservando a uniformidade
constante de temperamento. Assim, pude tornar as discussões vantajosas para mim
mesmo e mais aceitáveis aos meus adversários. Vendo que nossas Sagradas
Escrituras contêm verdades imutáveis reveladas a nós para o benefício de toda a
humanidade, tenho apresentado neste trabalho tais passagens bíblicas como meios
de ilustrar a autenticidade do judaísmo, como também os textos que exigem esclarecimento,
a fim de que o leitor possa perceber totalmente que, independentemente de
parecem obscuras ou inclinadas a dar apoio ao cristianismo, essas passagens, na
verdade, apenas aparentam sê-lo, e relaciona-se única e exclusivamente à causa
sagrada do judaísmo – uma causa que nenhum argumento pode rebaixar, uma vez que
o objeto principal de nossa fé é fazer com que homens falíveis olhem para a
Divindade Infalível e inspirar a crença de que Um Deus Indivisível governa sobre
os destinos de todos, sem necessidade de mediador ou intercessor para obtermos
a remissão dos nossos pecados.
Tenho procurado não apenas explicar como é inapropriado desvirtuar
essas passagens de nossas Escrituras, mas também acusar, perante o tribunal do
bom senso, as afirmações feitas pelos cristãos que tendem a lançar descrédito
sobre as verdades da fé judaica. Para este propósito, eu achei aconselhável
subdividir esse trabalho em duas partes. A primeira parte é dedicada a um exame
das objeções levantadas por cristãos contra a nossa religião e as provas
citadas por eles para a comprovação de suas próprias doutrinas. A refutação que
tenho dado, é, em muitos casos, com base na natureza contraditória de suas
próprias declarações. A segunda parte compreende uma revisão cuidadosa e
refutação das incoerências gritantes que estão explícitas no Novo Testamento. Para
fins de tornar o argumento apresentado neste trabalho mais convincente e
evidente, atribuí na primeira parte um capítulo separado para cada assunto
particular a ser discutido. Na segunda parte, pareceu-me preferível adotar
capítulos distintos para aquelas passagens do Novo Testamento que exigem crítica
e refutação especiais. Que o Deus de todos os espíritos, fornecedor de
sabedoria insondável e que examina todos os pensamentos ocultos, conceder uma
bênção sobre os meus humildes esforços, perdoar todos os meus erros
inconscientes, encorajar-me em minha pura fé e conceder sua divina proteção para
mim e todo Israel. Amém!
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