Amós 5, 2 diz: “A
virgem de Israel caiu, e não mais tornará a levantar-se; desamparada está na
sua terra, não há quem a levante”. A partir desse versículo, tem sido
argumentado que a queda de Israel está determinada para sempre, que nosso
cativeiro nunca terminará e que não temos chance de redenção.
Refutação: É evidente,
a partir de outras palavras do mesmo profeta, que essa previsão não se
relaciona com a perpétua condenação de Israel, pois ele diz no final de seu
livro (9, 14 - 15), “E trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles reedificarão
as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu
vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto. E plantá-los-ei na sua terra, e
não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus”.
Uma vez que uma contradição nas promessas proféticas não pode ser admitida, as
passagens acima só podem ser explicadas da seguinte maneira: o profeta, depois
de ter relatado os males que aguardam Israel por causa de sua conduta iníqua,
os repreende, no capítulo 4 do mesmo livro, cinco vezes seguidas: “E não
voltastes para mim, diz o Senhor”.
Ele continua, no mesmo
capítulo, verso 12: “Assim te farei, ó Israel! E porque farei isto a ti,
prepara-te para encontrar teu Deus, ó Israel!”, O que implica penitência e boas
ações. Deus fará bem ao povo judeu e transformará seus sofrimentos em
felicidade, pois Ele é teu Deus, que distribui o mal e o bem de acordo com suas
ações. A fim de aludir a Deus como o que guia os eventos do universo, o profeta
continua (v. 13) “Porque eis aqui o que forma os montes, e cria o vento, e
declara ao homem qual seja o seu pensamento, o que faz da manhã trevas, e pisa
os altos da terra; o Senhor, o Deus dos Exércitos, é o seu nome”. Ele é
conhecedor de tudo, Ele é o Mantenedor e Defensor de todas as coisas, os
eventos mais distantes Ele inspeciona claramente e Ele, através de Seus
profetas, familiariza o homem com Seus desígnios. Ele também faz o bem e o mal
para efetuar a Sua vontade entre os filhos dos homens, e assim Ele deve ser
adorado sob o nome do Deus dos Exércitos como o Deus de todo o Universo. Ó Juiz,
disponha-nos a submetermo-nos aos Seus decretos! Embora possamos ocasionalmente
sofrer em consequência de nossos erros e falhas, ainda sentimos que Sua
proteção se estende a nós em estrita concordância com Sua bondade!
Essa é a ideia
predominante em todo o quarto capítulo de Amós, e compõe uma introdução adequada
ao capítulo 5, que começa assim: “Ouvi esta palavra, que levanto como uma
lamentação sobre vós, ó casa de Israel. virgem de Israel caiu, e não mais
tornará a levantar-se; desamparada está na sua terra, não há quem a levante” etc.
O profeta fala aqui da virgem de Israel e anuncia que as energias físicas do
povo estão exauridas pela tirania de estranhos e pela perda daqueles enviados
para o exílio. Seus próprios reis e governantes não tinham mais forças para promover
o arrependimento requerido e, portanto, uma intervenção Divina era necessária
para realizar sua restauração. Por isso, o profeta, por exemplo, no versículo
3, traz a triste mensagem: “Porque assim diz o Senhor DEUS: A cidade da qual
saem mil conservará cem, e aquela da qual saem cem conservará dez, para a casa
de Israel”. De acordo com o profeta, as calamidades relacionadas à queda de
Israel seriam temerosas, pois o povo seria atingido pela espada, ou dizimado
pela fome e pela pestilência, e apenas uma pequena porção seria poupada para o
cativeiro. Contra tal prostração nacional, o profeta aponta o único remédio, ou
seja, o sincero arrependimento. O terrível anúncio da destruição de Israel é,
portanto, inteiramente mitigado pelo conselho divino que pode ser visto em Amós
5, 4: “Assim diz o Senhor a Israel: Buscai-me, e vivereis!”. Está bem entendido
que o termo “buscar” significa tornar-se penitente. Isaías (55, 6-7), usa uma
expressão semelhante: “Buscai o Senhor, enquanto ele ainda pode ser encontrado”.
Ele explica sua admoestação dizendo: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem
iníquo os seus pensamentos, e retorne ao Senhor, e Ele terá compaixão”. Isso
mostra que o profeta Amós não previu a irrecuperável ruína de Israel. Pelo
contrário! Pode-se esperar obter, por meio da penitência, restauração e
reavivamento como nação.
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